28 de abril de 2009

Prefácio


A pesquisa sobre o saxofonista Casé resulta de um trabalho independente, iniciado
em 2004. Depois de quatro anos, cerca de setenta entrevistas, viagens e muitas visitas à famíla Godinho, a salões de baile, a discotecas e arquivos, recompôs-se a movimentada vida do músico.

Mesmo antes de morrer Casé era citado como lenda. Façanhas atribuídas a ele ganhavam versões cada vez mais extravagantes. Para romper a folclorização crescente, o trabalho se apoiou em documentos e ouviu, além de familiares, músicos e admiradores que, de fato, conheceram o saxofonista.

Inédito, o material traz informações sobre o apogeu e a decadência da música feita ao vivo, num tempo de pouca ou nenhuma tecnologia. Invariavelmente deixados em plano secundário, como simples acompanhantes escondidos atrás de estantes de partituras, os músicos aqui ocupam o lugar de protagonistas. Como eram na fase dos grandes bailes.

Foi num desses eventos que o autor viu pela primeira vez Casé em ação. Movido por grande curiosidade pela música conseguiu, com 13 anos, entrar num baile destinado aos maiores de 14. Anunciado num clube de Catanduva (SP) pelo maestro da orquestra J. Rodrigues, o saxofonista solou o Harlem Nocturne. Por instantes o baile parou para ouvir aquele som redondo, perfeito. Evidenciava-se no palco o olhar reverencial dos colegas de Casé. Ao final da música, foram os primeiros a aplaudi-lo.

Sete anos depois, na mesma cidade, em Samba de Verão, um improviso arrebatador, de uma ousadia à época incomum, encheu os ouvidos dos casais que dançavam embalados por um inexpressivo conjunto da região. Lá estava ele, Casé, só de passagem, como era do seu estilo, mantido até dia em que sua morte foi destacada por todos os jornais de São Paulo, em dezembro de 1978.

2 comentários:

leandro disse...

Aproveito o espaço para agradecer Roger Marzochi, que conhece o autor e me indicou este blogue, e lamentar a falta de interesse das editoras nessa bela obra.

guerra disse...

Gostaria de agradecer imensamente por este blog. Casé representa a pureza do som de sax no Brasil. Este resgate é histórico e faz parte da nossa história como músicos e pessoas ligadas a Arte.
Som primoroso de saxofone, num época sem recursos eletrônicos, pura magia e talento.

 
`